''O que me preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.''
(Martin Luther King)
Para responder à pergunta acima, é
necessário fazer um breve esboço histórico para contextualizar o ambiente político
macaubense das últimas décadas. Em poucas linhas, mostraremos que em Macaúbas,
talvez mais do que no restante do Brasil, perpetua-se no poder as mesmas
pessoas, as mesmas famílias, o mesmo grupo político, o mesmo modo, enfim, de se
fazer política.
Desde
o fim da hegemonia da oligarquia Borges, no fim da década de 50, o mesmo grupo
político governa Macaúbas. E, como agravante, observa-se que, desde
então, o poder girou em torno de apenas duas famílias, somente
excepcionalmente sendo exercido por pessoas de fora desses grupos familiares. E
quando isso ocorreu o eleito contou com o apoio de um dos lados, ou de ambos,
para chegar ao poder. Excetua-se, nesse caso, somente o segundo mandato
exercido por João Sales (um dissidente do grupo), na década de 90.
Em linhas gerais, a política praticada em Macaúbas, nos últimos 50 anos,
foi praticamente a mesma, resultante do arranjo e rearranjo de pequenos grupos.
Para manterem-se no poder, cargos públicos são utilizados como moeda de troca,
lideranças comunitárias são cooptadas mediante a oferta de benefícios diversos,
adversários políticos são perseguidos etc. Nessas circunstâncias, sempre houve pouco
espaço para contestação desse ambiente político, resultando disso a ausência de
qualquer movimentação política expressiva fora das facções desse campo hegemônico.
A divisão do grupo em duas facções dificultou ainda mais o surgimento de
lideranças independentes, pois, dada a polarização política que sempre ocorreu,
os aspirantes a ingressar na política e os eleitores em geral sempre foram
tentados a se juntarem a um dos lados. Assim, geralmente enfrentam-se nas
eleições as duas faces da mesma moeda.
Nesse contexto, os eleitores brigam por nomes, e não por projetos
políticos; buscam, em consequência, não eleger o melhor (porque são iguais),
mas o que mais provavelmente lhe será sensível à própria conveniência. Desse
modo, os interesses da coletividade (saúde, educação, infraestrutura rural e
urbana etc.) sempre ficam num segundo plano, quando não esquecidos.
Fechando esse cenário, pode-se destacar que o atual prefeito, apesar de
ter tido o apoio de apenas uma das facções políticas, já foi vice dos representantes
das duas famílias. E, como circunstância nova, tem como vice um integrante de
uma legenda que, apesar de ter tido um papel secundário nos embates políticos
locais, até então tinha se comportado como uma força política independente.
Dada a importância para o debate, cabe lembrar ainda que o Partido dos
Trabalhadores (PT) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)
formaram, há algum tempo, uma aliança política que fez o enfrentamento do grupo
político hegemônico em algumas eleições. Entretanto, esse pacto se desfez. Assim,
pode-se dizer, para usar uma expressão antiga (mas atual em Macaúbas!), que
esses partidos se aliaram atualmente cada um com uma das ARENAS[1].
Outro fato agrava a situação política local: o PT, apesar de ter apoiado
o atual Prefeito e ter indicado o vice da chapa vitoriosa, logo após as
eleições, passou à oposição. Essa situação é similar à do PMDB no âmbito
nacional que, apesar de ter o Vice-Presidente da República, vem (a maioria dos
integrantes) fazendo oposição sistemática à Presidenta da República.
Merece menção, também, o fato de o PT ter-se jogado no colo das
oligarquias no momento mais oportuno para colocar-se como protagonista da
política local. Nesse sentido, podemos lembrar que, na penúltima eleição
municipal (2008), esse partido apresentou-se às eleições com um candidato
desconhecido, sem um programa político definido (o principal argumento era
dizer-se o candidato de Lula) e, mesmo assim, obteve mais de 7% (sete por
cento) dos votos[2].
Por outro lado, além de ajudar a eleger o atual Prefeito para logo após
fazer-lhe oposição, o PT ainda cometeu o equívoco de abrir as portas da legenda
para um ex-prefeito que, por dois mandatos, contou com a oposição do próprio
PT. Além disso, esse mesmo ex-prefeito, apesar de publicamente estar vinculado
ao Partido dos Trabalhadores, apoiou candidatos a deputado de outras legendas
nas últimas eleições[3].
Esses são apenas alguns exemplos que evidenciam os descaminhos da
política local. Jogamos alguma luz sobre os enfrentamentos outrora realizados
pelo PT e PMDB com o fim de escancararmos a fragilidade do projeto político
desses partidos (ou a falta de projeto!), uma vez que os mesmos acabaram
sucumbindo à lógica perversa de que é impossível fazer política em Macaúbas sem
a bênção de uma das duas famílias (ou de ambas!) que mandam em nosso Município
há décadas. Não custa lembrar, nesse sentido, que as principais personalidades
dos aludidos partidos tornaram-se meros coadjuvantes dos representantes dessas
duas famílias no último pleito.
É diante desse cenário conturbado, de crise política e de valores, que
surge o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em Macaúbas. Iniciativa de jovens
estudantes, de profissionais liberais e de servidores públicos, esse partido tem
o intuito de ser uma alternativa à velha e atrasada política macaubense.
O desejo de seus idealizadores e militantes é unir aqueles que queiram,
de forma coletiva, pensar novas formas de encarar os problemas locais,
elaborando propostas, fazendo sugestões, fiscalizando as ações do poder
público, lutando pelos direitos coletivos, incentivando políticas públicas,
construindo formas mais eficientes de gerir os recursos públicos etc.
Entretanto, para que se obtenha sucesso nessa empreitada, é
imprescindível o apoio de todos aqueles que se preocupam com os rumos de nosso
Município e que estejam dispostos a lutar por um futuro melhor.
Assim, conclamamos aos homens e mulheres de nosso Município, jovens e
adultos, da cidade e do campo, que acreditem que uma forma diferente de fazer
política possa fazer a diferença, a virem integrar as fileiras do Partido
Socialismo e Liberdade.
Como dito em epígrafe nesse texto: o que nos preocupa é o silêncio, a
falta de iniciativa, o gesto de tomar a atitude, de participar... daqueles que
querem e acreditam que é possível fazer melhor do que fazem aqueles que hoje
estão no poder!
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